sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ficção da realidade

Desiderato

Éramos um exército descomunal de 500 milhões, prontos para partir ao sinal de ataque do SNC, o comando central. A operação fora planejada com antecedência e tudo se encaminhava para o sucesso da empreitada.

Um barulho, então, foi ouvido e uma agitação violenta tomou conta de tudo ao redor. Soara o alarme e, queira Deus, não seja um ato solitário que destruiria todas as nossas esperanças. Era um ato real e, prontamente, nos agrupamos para a missão. Sabíamos o que nos aguardava e estávamos conscientes da necessidade de sacrificar todo o contingente para o êxito de um.

Partimos em velocidade seguindo a Ordem pré-determinada. Nessas ocasiões, o tempo é demais precioso para nos determos em conjeturas ou divagações filosóficas. Nada a questionar, apenas seguir em frente com a determinação de guerreiros intimoratos.

Crescia a agitação e mais frenéticos tornavam-se os movimentos que nos impeliam a seguir o curso natural das coisas que são o que são. É assim desde sempre. À medida que o ritmo aumentava, ficávamos mais velozes. Luzes dardejavam ao redor revelando rubros canais por onde nos movíamos. Sons guturais reverberavam por todos os lados; gritos intraduzíveis agora misturam-se a gemidos e arquejos. A tudo ouvimos sem perder a concentração nem nos dispersar. Sabíamos que seria questão de segundos para o zênite e tudo indicava que seria sincrônico o inadiável ápice. E foi, deu-se glande espasmo e mergulhamos no íntimo da rosa pluriaberta que estava acoplada à torre de jaspe — isso lembrava o Cântico dos Cânticos. O exército colossal ocupara, enfim, o território.

E envolveu-nos uma densa escuridão.

(Continua na próxima semana)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O MEU VOTO VAI PARA...

Carta aberta para o meu candidato a vereador

Teresina, 24 de setembro de 2008

Meu vereador,

Não o nomeio aqui porque você sabe o meu voto. Já o declarei pessoalmente, pois tenho o privilégio de desfrutar da sua sincera amizade. Creia-me, não voto em você pela amizade; tenho vários amigos — de infância, inclusive — que disputam também uma vaga na Câmara Municipal de Teresina. Voto por acreditar no seu jeito novo de fazer política. Talvez não seja nova a sua maneira de encarar a vida pública e é provável que alguém já a tenha praticado alguma vez. Mas é o diferencial de qualidade: a sinceridade de propósitos.

A sua campanha é espartana; sua estrutura é quase nenhuma; promessas não existem; não há grupos ou financiadores ligados a você. Entretanto, estou certo de que estou votando em você mesmo.

Quem sou eu?! Ninguém importante. Sou apenas um cidadão com direito a voto. Sou eleitor. Mas eu prezo tanto pelo meu direito que você nem imagina. Não vendo nem troco o meu voto por favores ou benesses porvindouras. O meu voto é a expressão da minha consciência, a materialização da minha vontade e o meu desejo manifesto. Não se negocia desejo, vontade e consciência.

A cada eleição tenho a oportunidade de escolher meus representantes. Eleição no Brasil virou rotina democrática e eu me alegro muito com isto, pois já vivi numa época que não existiam eleições gerais e os ditadores de plantão decidiam por mim, por nós. Por isso acho deplorável a atitude dos “analfabetos políticos” que anulam o voto sem saberem, os imbecis, quão doloroso foi chegar até aqui; quantas lutas travadas; quantas vidas ceifadas; quantos desaparecidos nesse meu Brasil. Tudo isso para que todos nós tivéssemos a liberdade de escolher nossos representantes. Anular o voto é um desrespeito à memória desses heróis da democracia. É um desrespeito a si mesmo.

Tem toda uma história por trás de um voto, mas tem muito mais história depois de um voto. Eis a razão de eu prezá-lo tanto. Eis porque eu confio a você, meu vereador, o meu precioso e sagrado voto que pode não mudar muita coisa, porém, é a parte que me cabe exercer com responsabilidade e a certeza de fazer o que é certo.

Até a vitória diplomada! Senão, até a vitória de uma idéia!

Paulo Moura 

Volver a direita

Há muitos anos fiz as ilustrações do livro Aldeia Grande do Cineas Santos, todas desenhadas com a mão direita. Sou canhoto de nascimento e ainda bem que não apanhei na escola para aprender a escrever "direito".  De repente, me deu na telha de desenhar com a destra. E blog é pra isso mesmo: botar as besteiras que a gente quiser.

Dextra plus ultra

São garatujas, eu bem sei... mas é o que a mão direita de um canhoto produz.

Dextra plus

É como palíndromo. ROMA ME TEM AMOR. Ó PAZ A JOHN O SÓ O SONHO JAZ A PÓ.

Mais dextra

Ficar experto. Movimento sinistrógiro do cérebro. Outra realidade.

Dextra


É sinistro desenhar com a destra e, ainda por cima, especular. São especulações mentais, coisa pra deixar o juízo experto.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008