Entardecer do verão de 2070. Na varanda do apartamento, o avô conversava com o seu neto predileto.
_ Quando eu era criança, dizia o avô, as coisas eram muito diferentes de hoje em dia. As pessoas ainda conversavam pela internet, os programas de televisão eram mais inocentes e as mulheres rebolavam mostrando apenas a bunda, ah!... suspirou o avô, lembrando-se de Scheila Carvalho, símbolo sexual da época.
O netinho ouvia atentamente, tentando imaginar como seria o mundo naquele tempo.
_ A música que faziam, prosseguiu, era maravilhosa. Grupos de pagodeiros disputavam a preferência do público com as bandas de forró e axé music e podia-se ouvir música de boa qualidade nas rádios FM. O que me dá mais saudade eram os banhos diários, enfatizou.
_ Banhos diários? Perguntou o neto, perplexo.
_ Sim. A água era abundante e não apenas o banho diário era costume, como aguar plantas, lavar louças, carros; as pessoas mais ricas tinham piscina em casa onde se divertiam.
- Peraí, vovô, quer dizer que as pessoas usavam água para tudo isso?! Perguntou o garoto com uma incredulidade maior que a sua estatura.
_ Água era propriedade de todos. Nas cidades existiam rios que as abasteciam; bastava ligar uma torneira em casa para ter água tratada e pronta para uso diverso.
Uma nuvem de pensamentos formou-se na mente do garoto. Como conceber que o líquido mais caro e precioso do mundo, explorado pelas companhias multinacionais, era usado antigamente daquela forma? A idéia ainda não se encaixava nos seus conceitos. Sobreveio-lhe uma vontade: vontade imensa de ter vivido naquela época. Seria bom demais viver num mundo assim com água à vontade, banhos diários, nadar na piscina aos domingos... tanta coisa maravilhosa a desfrutar!
O avô olhava agora, silencioso, o horizonte avermelhado e um acento nostálgico marcava-lhe o semblante. Saudade. O neto, já desperto do sonho que se permitira, lembrou-se das inúmeras tarefas por fazer e não queria perder mais tempo com uma conversa daquelas. E pensou com os seu botões:
_ O vovô está caducando.
ESSA É UMA OBRA DE FICÇÃO. SE O HOMEM NÃO TOMAR CUIDADO, TRANSFORMAR-SE EM REALIDADE NÃO TERÁ SIDO MERA COINCIDÊNCIA.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Continhos
CONTINHOS
O galo acordou cedo, como de costume. O sol ainda não dera os raios de sua graça e o galo, estrepitosamente, cantou. Bateu forte as asas, retemperou a garganta e cantou novamente.
O homem colocou o galo debaixo do braço e saiu apressado.
O galo toda manhã vai à luta.
O galo acordou cedo, como de costume. O sol ainda não dera os raios de sua graça e o galo, estrepitosamente, cantou. Bateu forte as asas, retemperou a garganta e cantou novamente.
O homem colocou o galo debaixo do braço e saiu apressado.
O galo toda manhã vai à luta.
Assinar:
Postagens (Atom)